Da elaboração da ficha do Fedro, o cidadão veterano
Fedro apoia o candidato: Tirano
As características gerais de Fedro nos dizem o seguinte:
“Eu não suporto essa nova geração que não aceita o valor das leis escritas preferentemente a essa liberdade desenfreada que eles tanto prezam. As leis escritas são o que garantem a ordem da nossa pólis, e eles tem que aceitar os limites que elas impõem às nossas ações. Sinceramente, eu já perdi minha paciência. Esses jovens me dão nos nervos — toda vez que eles começam com o discursinho de relativizar as leis eu já me vejo gritando e esbravejando com eles”
A República (VIII, 562a4–566d6) descreve que, na democracia, apenas governam aqueles que são governados pelos cidadãos. O pai, temendo ao filho, perde seu posto para este, que lhe falta com o respeito e não tem nenhum receio de seus progenitores. Os professores também passam a ter medo dos alunos e os adulam; estes últimos, por sua vez, desprezam os professores. Os jovens tentam se igualar aos velhos que, se não imitam os jovens, são acusados de autoritários. Os cidadãos jovens ficam com a alma muito sensível e qualquer tentativa de constrangimento os faz se zangarem e se revoltarem. Fedro foi desenvolvido como uma resposta a esses jovens que reprimem os mais velhos, tirando-lhes qualquer valor que poderiam contribuir para a cidade. Nesse sentido, fizemos Fedro como uma resposta a Narceu; de modo que estes personagens representem a tirania como uma resposta à democracia, pois, como o diálogo indica na passagem deste modelo de governo àquele, o excesso da liberdade de um, leva ao excesso de seu oposto (VIII, 566d).
As posições para o debate de Fedro expressam uma preocupação com o bem estar dos cidadãos da pólis, um bem estar que ele não acha que a democracia pode prover; de forma que ele busca no tirano a mudança que deseja. Vemos isso no seu posicionamento sobre a Educação, Saúde e Ginástica:
“Você é a favor da melhora, pelo bem dos cidadãos”
Sobre as riquezas:
“Você acha que medidas devem ser tomadas para aumentar as riquezas da cidade”
Sobre a desigualdade de posses:
“Você é a favor da repartição de terras; afinal, é necessário uma estabilidade financeira para o bem estar da pólis”
Sobre a prática da caça:
“Você é a favor, pois os cidadãos parecem apreciá-la”
Podemos observar também, Fedro optando por posicionamentos simplesmente para opor-se aos libertários, ou Narceu. Como por exemplo, sua opinião sobre as leis escritas:
“Você ressalta a grande importância das leis estabelecidas como algo essencial para a boa ordem da pólis”
Elaborada a partir da visão de Fedro de que a negligência que os libertários têm com as leis está causando muitos problemas para a pólis; problemas que poderiam ser evitados se elas fossem valorizadas.
Seu posicionamento sobre as guerras:
“Você é a favor”
É uma reação a Narceu, que repudia as guerras e desrespeita todos aqueles que as defendem. Uma vez que a razão de Fedro apoiar as guerras é uma mera reação, não refletida, a Narceu, desenvolvemos seu posicionamento sobre os bárbaros como uma consequência da radicalização desse pensamento, adicionando ao apoio às guerras o ódio àqueles que deseja-se dominar:
“Os bárbaros são inimigos a serem dominados”
Ademais, essa radicalização também reflete na opinião de Fedro sobre o comércio:
“Você é a favor do comércio interno, mas acha a guerra mais favorável que a abertura para o comércio com os bárbaros”
Dessa forma, o apoio às guerras traduz-se em ódio aos bárbaros, a ponto de, nesse caso, Fedro anunciar-se contra relações externas de comércio.