Kallipolis: o jogo dos governos

Kallipolis: o jogo dos governos
4 min readSep 30, 2021

Olá! É uma alegria recebê-los neste espaço dedicado à elaboração teórica do projeto Kallipolis: o jogo dos governos.

Meu nome é Daniela Brinati Furtado e sou um dos cocriadores do jogo. Como nosso objetivo aqui é fazer uma apresentação das referências que nosso jogo faz ao nosso corpus de pesquisa, optei por escrever esta pequena introdução explicando o processo que resulta no produto final que pode ser baixado aqui.

Enquanto eu realizava minha graduação em Licenciatura em Filosofia (2019–2021), na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), tive que elaborar um projeto de docência como atividade de duas disciplinas obrigatórias (2019). Visando me divertir enquanto cumpria os créditos necessários para me formar, decidi arriscar recuperar meu desejo de criar um jogo de filosofia e desenvolvê-lo nessas disciplinas.

O recorte teórico foi algo que aconteceu quase que instintivamente: o jogo seria sem dúvidas sobre o pensamento de Platão. Mas sobre o que especificamente? Afinal, a obra platônica não é apenas riquíssima, mas também vasta, de forma que seria inviável esgotá-la em um jogo desenvolvido em apenas um ano (ou até mesmo em um projeto para a vida inteira). Voltei-me, então, àqueles que estavam à minha volta, buscando por inspiração.

Meu orientador naquela época, e grande amigo atualmente, professor Fábio da Silva Fortes, havia elaborado um projeto junto do professor Humberto Schubert Coelho , intitulado Reconstruindo a República: diálogos com Platão para a cidadania no Brasil. Ele propunha que o Fábio, junto do professor Rodrigo Rodrigues Alvim da Silva e dos alunos Frederico Krepe da Silva e Igor Fernandes Lopes, aplicariam na sala de aula do Ensino Médio atividades interativas que abordavam problemas (como o do conhecimento) que surgiam n’A República, de forma a atualizá-los para questões contemporâneas, vivenciadas pelos alunos.

Ao escutar os relatos de meus colegas sobre o envolvimento dos alunos e como as aulas nesse formato eram proveitosas, fiquei intrigada sobre que outros aspectos d’A República poderiam ser explorados, e se o jogo seria um formato que instigaria nos alunos uma reflexão filosófica. Assim, reduzi meu corpus à República e, buscando ser mais objetiva, restringi mais meu foco de pesquisa ao seu oitavo livro. Nesse sentido, eu teria uma extensão menor para cobrir, podendo aprofundar um pouco mais nos detalhes do livro.

Uma vez que eu havia definido a base teórica do projeto, meu próximo passo era pensar a mecânica do jogo. Claramente, eu não fazia ideia por onde começar, e é em momentos como este que percebemos a importância de sustentar amizades que, a princípio, podem não parecer úteis, mas que eventualmente acabam sendo essenciais.

Esse é o caso do meu amigo Luca Boechat Marcílio, outro cocriador do jogo. Piadinhas à parte, Luca é meu amigo desde o Ensino Médio e, juntos, já havíamos começado diversos projetos (uma banda, uma animação, jogar Catan compulsivamente), mas que eram sempre abandonados.

Naquela época, ele ainda estava cursando design de jogos, então recorri a ele para pedir ajuda. Ele me orientou em como fazer o projeto de um jogo, pensar sua estrutura e testá-lo. A dedicação do Luca foi tanta que acabamos por adotar o jogo como nosso novo projeto, o projeto que nós finalizaríamos.

Talvez eu tenha uma maneira melhor de expressar minha gratidão pela ajuda do Luca que não seja por piadinhas que serão engraçadas apenas para nós, mas as musas ainda não me gratificaram com uma ideia digna de ser efetivada. Com efeito, apenas posso dizer que o jogo poderia até parecer uma ideia interessante no início, mas foi apenas com a ajuda do Luca que sua implementação foi possível - principalmente com um material tão esteticamente impecável.

Eu e Luca fomos presentes em todo o processo de desenvolvimento do jogo, sempre tomando as decisões em conjunto e ajudando um ao outro com nossas tarefas. Mas, de maneira geral, poderíamos dizer que eu fui responsável principalmente pelo aspecto teórico do jogo, enquanto o Luca dedicou-se ao Game Design e à Arte e Design de Peças Gráficas.

Ademais, tenho que reservar um momento para agradecer nossas grandes amigas Anna e Renata, que nos ajudaram a escolher a palheta de cores do jogo.

Enfim, foi assim que começamos o desenvolvimento de Kallipolis: o jogo dos governos. Depois que o ano das disciplinas dedicadas ao projeto de docência acabou, eu e Luca decidimos continuar a aperfeiçoar o que tínhamos elaborado até então, de forma que o projeto ganhou sua independência da minha graduação e se tornou oficialmente um trabalho paralelo; que acabaria sendo guardado na gaveta, junto das nossas outras iniciativas, se não fosse pelo imenso apoio que tivemos dos nossos amigos, professores e colegas — que se voluntariaram a participar dos testes e nos ajudar a organizá-los. Em breve, publicaremos um artigo relatando tais testes e o que observamos sobre as limitações e possibilidades de uso do jogo (o artigo pode ser acessado neste link).

Finalmente, convido-lhe a explorar o conteúdo do blog. Aqui, disponibilizamos uma explicação informal das referências do jogo; informal no sentido de que não estamos propondo uma interpretação absoluta para o nosso corpus, mas apenas indicando ao leitor qual foi o raciocínio por traz da elaboração das cartas. Pensamos que seria interessante publicar este blog na medida em que o conteúdo que entregamos para a disciplina do projeto de docência não está atualizado (pois o jogo sofreu alterações). De fato, o blog é um espaço a ser utilizado como mais uma ferramenta para a aplicação do jogo, sendo que aqui os professores podem fazer comentários aos posts com suas próprias experiências e sugestões.

Agradecemos pelo interesse no nosso projeto.

Abraços,

Dani e Luca.

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